“José Afonso é o nosso maior cantor de intervenção.”
Este elogio tão consensual e aparentemente tão generoso é a forma mais eficaz de liquidar a obra do grande mestre da música popular portuguesa no que ela tem de universal e de artisticamente superior. Não é sequer uma meia verdade.
Reduzir José Afonso ao cantor de intervenção, que ele também foi, é induzir no grande contingente de distraídos a ideia de menoridade artística, (mal) associada à canção política. (…) Arrumar José Afonso na gaveta da canção de intervenção, é não compreender que a dimensão da sua obra está ao nível do que de mais importante se fez na música popular universal do século XX. E se não teve o impacto mundial que merecia, foi tão-somente porque ele nasceu onde nasceu.
Guilhermino Monteiro, João Lóio, José Mário Branco e Octávio Fonseca
in «José Afonso – Todas as Canções»