EP/45rpm
Baladas de Coimbra, 1963
ALINHAMENTO
01. Os vampiros*
LETRA/MÚSICA José Afonso
02. Canção vai… e vem…
LETRA Paulo Armando/Refrão popular Algarve
MÚSICA José Afonso
03. Menino do bairro negro*
LETRA/MÚSICA José Afonso
04. As pombas
LETRA José Afonso
MÚSICA Luís de Andrade**
* Tanto «Os vampiros» como «Menino do Bairro Negro» seriam proibidos pela Censura, obrigando assim a uma 2ª edição onde estes temas surgem numa versão instrumental intitulada «Selecção de baladas», juntando-se também o tema «Canção Longe».
**Luís Oliveira de Andrade de nome completo, Luís Pignatelli de nome literário.
FICHA TÉCNICA
edição
Discos Rapsódia Lda.
(EPF 5.218)
gravação
Mosteiro de S. Jorge de Milreu, Coimbra
músicos
Rui Pato: Viola
fotografia
Albano da Rocha Pato
2ª EDIÇÃO, 1969
Baladas de Coimbra
ALINHAMENTO
01. Canção vai… e vem…
LETRA Paulo Armando/Refrão popular Algarve
MÚSICA José Afonso
02. Selecção de Baladas:
Os vampiros
Menino do bairro negro
Quadras
Instrumental
ARRANJO Rui Pato
03. As pombas
LETRA José Afonso
MÚSICA Luís Pignatelli
04. Canção longe (Balada)
Instrumental
ARRANJO Rui Pato
FICHA TÉCNICA
edição
Discos Rapsódia Lda. (EPF 5.437)
gravação
Mosteiro de S. Jorge de Milreu, Coimbra
músicos
Rui Pato
fotografia
Albano da Rocha Pato
O Porto foi para mim fundamental. Ia muitas vezes lá porque tinha amigos. Um deles o Godinho que me deu a conhecer a cidade: a Ribeira, o Barredo. Tudo aquilo me chocou de uma maneira espantosa. A primeira vez que cheguei ao Porto depois de várias boleias era de noite… Num dos bairros da Ribeira, vejo quatro tipos a urinar para dentro de uma lata. Era uma cena altamente surrealista, mas muito tripeira. Lembro-me de ter visto os meninos que pululavam por aquelas ilhas. Foi uma coisa que eu pensei que só existisse nos filmes... O conhecimento do Porto de todas estas realidades é que me deu o tema do – Menino do Bairro Negro – Expliquei mais tarde que negritude de que falava a canção , não dizia respeito à cor da pele, mas à condição de meninos explorados diagnosticados por José Castro no seu livro «Geopolítica da Fome .»
Talvez te interesse saber que vou gravar outro disco, desta vez com duas ou três canções totalmente libertas dos pruridos coimbrãos. Segundo dizem as más línguas, uma delas, «Menino do bairro negro», vai dar muito que falar.
Meu caro Pato, recebi o seu postal. Preciso que me diga com a máxima urgência quais as ofertas de gravações e condições propostas. Há mais de quinze dias que prossegue uma renhida luta de concorrência comercial em que me disputam a Alvorada, o Valentim e a Tecla. Deixei o caso a um sujeito muito amigo, tipo influente e com muita experiência que é uma espécie de procurador. Tenho estado à venda por preços que vão subindo à medida que a concorrência se acentua. (…)
O arranjo feito por Rui Pato e intitulado «Selecção de Baladas» tinha já sido integrado no EP de 1964 «Rui Pato interpreta em viola José Afonso» (Rapsódia – EPF 5.241), ao qual se juntariam os temas «Canção Longe», «Pastor do Bem Safrim (Bensafrim)» e «Leanor».
A fotografia é de Eduardo Varela Pécurto, tirada em 1964 nos claustros da Igreja de Santa Cruz, em Coimbra.
Na contracapa deste EP, encontramos o seguinte texto de José Afonso:
“A viola, como instrumento destinado a acompanhar o cantor, foi perdendo nos nossos dias o papel subalterno que lhe destinavam os tradicionais conjuntos de guitarras.
Quer como factor de execução com a finalidade de indicar ou desenvolver uma tema musical adequado às suas características e recursos, quer interpretando, a par da voz humana, o papel de protagonista num diálogo que não admite interferência de outra qualidade expressiva, a sua autonomia exige da parte do ouvinte uma intimidade e uma discreção idêntica à que em tempos prendia o trovador ao seu auditório.
Estas canções, ditas e executadas pela viola de Rui Pato, pretendem restituir-vos a esse clima inicial de silêncio a que a sua sensibilidade, pouco afeita aos ritmos trepidantes da guitarra eléctrica, se foi de há muito habituando.
Pela delicadeza das suas interpretações, valorizadas por uma acertada combinação de acordes, oscilando em cadências sempre variadas num processo de construção melódica que incessantemente se renova – esses solos constituem uma experiência que, creio eu, agora se inicia no nosso panorama musical.”