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Cesto

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ALINHAMENTO

01. Bailia
LETRA Airas Nunes (Séc. XIII)
MÚSICA José Afonso

02. Oh! Que calma vai caindo
LETRA/MÚSICA Popular, Malpica, Beira Baixa

03. S. Macaio
LETRA/MÚSICA Popular, Açores

04. Qualquer dia
LETRA Fernando Miguel Bernardes
MÚSICA José Afonso

05. Vai, Maria vai
LETRA/MÚSICA José Afonso

06. Deus te salve, Rosa
LETRA/MÚSICA Popular, Trás-os-Montes

07. Lá vai Jeremias
LETRA/MÚSICA Popular, Malpica, Beira Baixa

08. No vale de Fuenteovejuna
LETRA Lope de Vega (Natália Correia)
MÚSICA José Afonso

09. Era de noite e levaram
LETRA Luís de Andrade*
MÚSICA José Afonso

10. Já o tempo se habitua
LETRA/MÚSICA José Afonso

11. A cidade
LETRA José Carlos Ary dos Santos
MÚSICA José Afonso

*Luís Oliveira de Andrade de nome completo, Luís Pignatelli de nome literário.

Prémio Casa da Imprensa: Melhor Disco de 1969


FICHA TÉCNICA

edição
Arnaldo Trindade & Cª. Lda. (Orfeu STAT 004)
gravação
Estúdios Polysom, Lisboa
som e mistura
Moreno Pinto
músicos
Rui Pato: Viola, marimbas e harmónica
Sousa Colaço: 2ª viola
José Fortunato: Cavaquinho
Adácio Pestana: Trompa
Teresa Paula Brito: Voz
capa
Fernando Aroso 
fotografia
Carlos Correia (Bóris)

2ª EDIÇÃO
FICHA TÉCNICA

capa
José Santa-Bárbara

EP's EDITADOS A PARTIR DO LP

Menina dos olhos tristes, 1970

(Editado a partir do LP «Contos Velhos Rumos Novos» e do single «Menina dos Olhos Tristes»)
ALINHAMENTO

01. Menina dos olhos tristes
LETRA Reinaldo Ferreira
MÚSICA José Afonso

02. Deus te salve, Rosa
LETRA/MÚSICA Popular, Trás-os-Montes

03. Canta camarada
LETRA Popular
MÚSICA José Afonso

04. Lá vai Jeremias
LETRA/MÚSICA Popular, Beira Baixa

FICHA TÉCNICA

edição
Arnaldo Trindade & Cª. Lda. (Orfeu ATEP 6387)
fotografia
José Labaredas
(Foto de 1970, tirada em Victoria Park, Londres, durante o «Festival of Life». José Afonso encontrava-se na cidade a gravar o álbum «Traz outro amigo também», que seria publicado no ano seguinte.) Ler mais.

S. Macaio, 1970

ALINHAMENTO

01. S. Macaio
LETRA/MÚSICA Popular, Açores

02. Vai, Maria vai
LETRA/MÚSICA José Afonso

03. Qualquer dia
LETRA F. Miguel Bernardes
MÚSICA José Afonso

04. Já o tempo se habitua
LETRA/MÚSICA José Afonso

FICHA TÉCNICA

edição
Arnaldo Trindade & Cª. Lda. (Orfeu ATEP 6388)
fotografia
José Labaredas
(Foto de 1970, tirada em Victoria Park, Londres, durante o «Festival of Life». José Afonso encontrava-se na cidade a gravar o álbum «Traz outro amigo também», que seria publicado no ano seguinte.) Ler mais.

No vale de Fuenteovejuna, 1970

ALINHAMENTO

01. No vale de Fuenteovejuna
LETRA Lope de Vega
MÚSICA José Afonso

02. A cidade
LETRA José Carlos Ary dos Santos
MÚSICA José Afonso

03. Era de noite e levaram
LETRA Luís de Andrade
MÚSICA José Afonso

04. Bailia
LETRA Airas Nunes (Séc. XIII)
MÚSICA José Afonso

FICHA TÉCNICA

edição
Arnaldo Trindade & Cª. Lda (Orfeu ATEP 6389)
fotografia
José Labaredas
(Foto de 1970, tirada em Victoria Park, Londres, durante o «Festival of Life». José Afonso encontrava-se na cidade a gravar o álbum «Traz outro amigo também», que seria publicado no ano seguinte.) Ler mais.

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LP/33rpm

Contos velhos, rumos novos, 1969

A "semente" estava definitivamente lançada. São estes "rumos novos" que José Afonso acompanha, atento aos contos velhos que os senhores da época desejam perpetuar através da tão propagada "evolução na continuidade". Este álbum, à semelhança dos anteriores, intercala os temas do cancioneiro tradicional com as inevitáveis palavras de denúncia e resistência. Um texto de José Carlos Ary dos Santos (A cidade) e outro de Luís de Andrade (Era de noite e levaram, uma alusão às prisões arbitrárias da pidesca instituição) são, com Já o tempo se habitua, do próprio Zeca, os exemplos mais elucidativos. Musicalmente, este álbum (o único em que a designação genérico não corresponde ao título de nenhuma canção) marca também uma mudança significativa no trabalho do compositor. O acompanhamento não se limita já à viola de Rui Pato (que, aqui, toca também marimbas e harmónica), mas estende-se às colaborações de Sousa Colaço (segunda viola), José Fortunato (cavaquinho), Adácio Pestana (trompa) e Teresa Paula Brito, responsável pela voz feminina de «Vai, Maria vai».
Viriato Teles
Jornalista

Gravei um disco com bombo, cavaquinho, gaita de beiços, marimbas, reco-reco e lampião chinês. A coisa é nova para matar definitivamente a choradeiras das baladas.

Excerto de carta enviada por José Afonso ao seu irmão João Afonso dos Santos, 31/07/1970
Houve de facto uma espécie de movimento (sem nome) do qual José Afonso é certamente o percursor, que nos veio trazer algo de diferente no tocante à nossa música tradicional. Indiscutivelmente diferente dessa pasmaceira e rotineira amostra folclórica que o país consumia. A "vida musical" de José Afonso excedeu largamente a divulgação de alguns "clássicos" da nossa música tradicional. Com a sua própria música ele consegue deixar-nos com suficiente curiosidade para a conhecermos. Isso sim, foi a sua maior contribuição.
Júlio Pereira
músico
José Afonso e a filha Joana fotografados por Carlos Correia (Bóris).
O Zeca punha sempre dificuldades nas gravações. Às vezes dizia que não fazia a digestão. Um dia propus-lhe uma refeição leve. Comemos um ovo estrelado. Estávamos prontos para gravar e ele disse que não conseguia cantar. Respondi-Ihe que não podia ser do almoço, não fora pesado. Então ele ripostou: "Ó pá, sinto o ovo estrelado no cimo da cabeça".
Rui Pato
médico e guitarrista
José Afonso e Rui Pato em Maio de 1969, nos jardins da Associação Académica de Coimbra, em apoio ao luto académico.
José Afonso é hoje muito elogiado, nomeadamente por alguns que ele menos poderia suportar em termos artísticos – e não só... Mas isso não é grave. Antes pelo contrário, pode ser muito relevante se os homenageadores se esforçarem por aprender com o homenageado. Que se transformem, quanto possível, os amadores na coisa amada – e tudo ficará certo... Não se trata de saber solfejo, leis de harmonia ou normas de contraponto. Nem mesmo se trata de conhecer muitas posições na guitarra. José Afonso nunca precisou disso... Do que ele nunca prescindiu foi de criar uma técnica própria, foi de evoluir artisticamente até ao ponto de ser, para todos os efeitos, um Mestre. E o caminho por ele percorrido passou, inevitavelmente, pela consciência de que toda a arte exprime um ideário, se orienta por conceitos estruturados com base naquilo em que se acredita e que se pretende defender. Não vou sequer ao ponto de desejar que todos perfilhem – como eu tento perfilhado, na medida do meu possível – a linha ideológica pura e intransigente de José Afonso, um homem bafejado pela Razão e por um superior sentido de Justiça, valores que se pagam muito caro... Penso, isso sim, que o simples respeito pelo artista que ele foi, o seguir do seu sistema de trabalho como padrão para o estabelecimento de um critério de valores profissionais, já poderia ajudar muita gente a enveredar por uma estrada digna e a livrar-se do juízo final de um público que aplaude, compra, consome... – mas, no fundo, não perdoa!
António Vitorino de Almeida
Compositor
Uma janela com vista para África

"O corpo voltou antes. A cabeça ainda estava um pouco por lá, pelas terras de Moçambique. E demorou uns meses a aclimatar-se, a perceber como trazer África para dentro das canções. Depois da consumação de um primeiro movimento de libertação do fado de Coimbra, em Cantares do Andarilho, José Afonso ensaia um tímido mas irreversível passo para o desconhecido, não se deixando constranger por um novo colete de forças criativo na forma das baladas coimbrãs. Em vez disso, escancara a sua música às influências africanas, ao mesmo tempo que reforça com um cunho pessoal e magnânimo a sua relação com a interioridade portuguesa. E esse é outro gesto desafiador para a altura. Se hoje sintonizar os ouvidos na ruralidade e na tradição remota parece uma decisão natural, fácil e desempoeirada, em pleno Estado Novo a tradição trazia injusta e pesadamente anexado um castigo sob a forma de um dedo em riste apontando uma acusação de conservadorismo e reaccionarismo (palavras fora do alcance de José Afonso). "Acho que nessa altura duas pessoas influenciaram bastante a utilização de algumas músicas tradicionais, o enriquecimento da música portuguesa fora daquilo a que os meus colegas da altura chamavam o nacional cançonetismo. Foi o Zeca Afonso que conseguiu realizar com muito sucesso o aproveitamento dessa herança da música tradicional portuguesa. E depois houve o Michel Giacometti". Na opinião de Sousa Colaço, radialista no Rádio Clube Português e músico que começa em Contos Velhos, Rumos Novos uma breve colaboração com Zeca, a música tradicional portuguesa tudo deve a Giacometti e a Zeca por não ter desaparecido longe dos ouvidos do país e, em vez disso, ter passado a habitar o espaço popular e urbano. Em Novembro de 1981, em entrevista a Belino Costa publicada no jornal Se7e, Zeca recordaria assim este período pós-regresso de Moçambique: "Passei uma fase que de certo modo me definiu como cantor de protesto, onde me afastei das minhas origens coimbrãs". Esse afastamento dá-se sobretudo a partir de Contos Velhos, uma vez que Cantares do Andarilho era ainda um primeiro rechaçar dessa influência e cujo escândalo se devia em grande parte à recusa liminar do som da guitarra portuguesa. "Antes das origens coimbrãs havia as origens africanas, é bom dizer-se", frisava na mesma entrevista. Mas a cisão com a matriz musical de Coimbra não se dá em incompatibilidade violenta. "As músicas aparecem como dados biográficos", acredita. E, de facto, a sua vida já nada tinha que ver com o período estudantil. "[No fado de Coimbra] Tudo se passa no melhor dos mundos. É a amada, o amor, os olhos negros ou azuis". Estas temáticas começam a deixar-lhe um sabor amargo na boca e não há outra opção senão cuspi-las. A vida – a impossibilidade com que esbarrou repetidamente de seguir a carreira de professor, a experiência moçambicana que o pôs em contacto próximo com a luta dorida de um povo, as suas incessantes dificuldades económicas graves e que o tornavam incapaz de produzir sustento para os filhos – exigia-lhe outras canções. E Zeca teve de dar ouvidos à vida, cantando o que lhe era próximo. A investida criativa de José Afonso é tão claramente intencional que o próprio título anuncia os "rumos novos" aqui em descoberta. "Já havia influências africanas, claro", admite Rui Pato. "Já tenho de tocar marimbas e harmónica, e é aqui que conheço o Fanhais". Francisco Fanhais, na altura padre na Margem Sul, recorda o viola, "vai de lambreta e sotaina ver a gravação para os estúdios". Mas ao chegar, a sua ideia de sentir o ambiente de uma gravação de Zeca Afonso em estúdio rapidamente é transformada numa intervenção musical efectiva. Mal entra, durante a gravação de "S. Macaio", Zeca grita-lhe "Ó Fanhais, você sabe tocar bombo?". Na ausência de um "Não" firme o instrumento fica prontamente atribuído – "Então é você que fica com o bombo". O sonho rítmico que Zeca pretende alcançar deixa de ser uma miragem e ganha forma. A viola deixa de ter o exclusivo do acompanhamento – até Bob Dylan o fizera, mas no seu caso teve de ouvir chamarem-lhe Judas – e passa a estar rodeada de outros elementos que empurram as canções para um novo e estimulante cenário. A primeira gravação de Fanhais com o amigo Zeca é, portanto, pouco mais do que acidental. Naquele momento Pato andara já a sondar o recepcionista, tentando desviálo momentaneamente dos seus afazeres para tocar bombo na canção açoriana "S. Macaio". Fanhais, que nesse mesmo ano fora levado por Zeca do Barreiro operário, onde cantava habitualmente, ao programa Zip Zip, na RTP, integrara recentemente o grupo daqueles que juntavam a política às canções. Torna-se então, automaticamente, a pessoa certa para tomar em mãos o instrumento. "Entrei para o estúdio, deram-me um bombo para as unhas e lá me disseram qual era o ritmo para marcar", lembra. "Lá tentei do princípio ao fim manter o ritmo certo. Foi esta a minha primeira participação numa gravação do Zeca". A elas havia de voltar, mais tarde. Na presença de Sousa Colaço – aqui creditado como tal; em Traz Outro Amigo Também aparece como Filipe Colaço – enquanto 2º viola, por outro lado, nada há de acidental e tem já que ver com o desenho sonoro imaginado por Zeca Afonso. Também estudante de Coimbra, de Engenharia Civil, Sousa Colaço é angolano de nascimento e milita neste período num importante grupo do yé-yé português, Os Álamos – primeiro mais na senda de Dick Rivers et les Chats Sauvages, Les Chaussetes Noires e Shadows, depois mais Beatles, Crosby, Stills, Nash & Young, Jefferson Airplane e alguma MPB. Os primeiros encontros entre os dois acontecem precisamente durante a vida académica, antes de Zeca seguir para Moçambique, na companhia de Rui Pato e José Niza. São encontros informais, fados e guitarradas alimentados por política – Sousa Colaço pertencia ao MPLA -, marcados frequentemente nas repúblicas esquerdistas de Coimbra, como a Rais-Parta, habitualmente ligadas ao CITAC (Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra), ou nas instalações da própria Associação Académica de Coimbra. Os dois voltam a estar juntos em Setúbal, após o regresso de Zeca a Portugal. "Tivemos várias longas conversas em que ele me falava de dar um pouco de ritmo à sua música por via da sua experiência muito jovem em Angola e depois em Moçambique. Não ritmos africanos propriamente ditos, mas ritmos influenciados por África. No Contos Velhos, Rumos Novos já aparece alguma dessa influência rítmica e mesmo a melodia e a harmonização já têm uma influência vincadamente africana". Rui Pato traz as marimbas – "porque é nessa altura que com o Adriano [Correia de Oliveira] meto-me a tocar viola baixo e flauta" – e Zeca quer pôr bombos, trompa, cavaquinho, chamando até a voz convidada de Teresa Paula Brito para ajudar em "Vai, Maria Vai". Pato lembra que há na altura uma coincidência de vontades, entre a dele e de Zeca, e a dos amigos que os instavam a enriquecer a instrumentação. "As coisas começaram a tornar-se mais rítmicas, já não tão baladas, em que a viola soava bem. Era necessário meter um pouco mais de ritmo, que a viola só por si era um instrumento limitado, e havia essas duas componentes: havia que mudar isto e, por outro lado, a própria estrutura melódica e harmónica das coisas já pedia que houvesse outro clima musical a acompanhar". "A partir daí", fala-lhe a modéstia, "começa a ser acompanhado por profissionais a sério". Lançado em plena primavera marcelista, Contos Velhos, Rumos Novos antecipa um dia que, assim quis a História, calhou no 25º de Abril. "Qualquer Dia" não adivinha qual o dia em concreto, mas adivinha a sua proximidade e é como uma ampulheta a esgotar o tempo restante para a inevitabilidade de um povo erguer-se e, no contínuo desse movimento, arrastar consigo o tapete sobre o qual se equilibra o regime ditatorial. "Era de Noite e Levaram", por seu lado, é uma pouco codificada denúncia dos sequestros levados a cabo pela PIDE. Quanto a "Vai, Maria Vai", o próprio Zeca há-de afirmar mais tarde que "foi um pouco a sugestão desses ritmos suburbanos que me sugeriu o texto – mais um pretexto de reforço rítmico do que um conteúdo lógico para ser transmitido através da música". Os ritmos a que o músico se refere são os das "canções de origem africana eivadas de influências europeias" que ouvia no programa Hora Nativa da Rádio Pax, estação de rádio que sintonizava frequentemente enquanto viveu na moçambicana Beira, de frente para o Índico. Aos fins-de-semana, ia muitas vezes com o irmão João dos Santos – que tinha uma câmara de filmar com a qual rodava pequenos filmes amadores – até ao bairro do Xipangara. A esse mesmo irmão, José escreve em 1970, referindo-se a Contos Velhos: "Gravei um disco com bombo, cavaquinho, gaita-debeiços, marimbas, reco-reco e lampião chinês. A coisa é nova para matar definitivamente a choradeira das baladas". Em Contos Velhos dá-se igualmente a única parceria criativa entre José Afonso e Ary dos Santos, num magnífico tema intitulado "A Cidade". Parte dos ensaios para o disco terá tido lugar na casa de José Santa-Bárbara, responsável pelo grafismo dos quatro primeiros álbuns de Zeca Afonso, no bairro dos Olivais, em Lisboa. Segundo contou Santa-Bárbara a José Niza, a atracção por percussões exóticas do músico tê-lo-á levado a gravar inclusivamente ritmos no abat-jour de um candeeiro da sala. Na memória de Rui Pato, os poucos ensaios ter-se-ão dado em Setúbal, na casa de Zeca e Zélia, onde Pato passou as suas férias. "Tínhamos também dificuldade em ter um sítio onde nos pudéssemos juntar, não só pela pressão que havia sobre nós – pressão no sentido de dificuldade, receio, de algum de nós sofrer as consequências dos nossos encontros – e, por outro lado, a necessidade de uma certa clandestinidade em relação à polícia política, que estava muito atenta a tudo o que o Zeca fazia", acrescenta Sousa Colaço. Por um não tão acaso assim, o ano de edição de Contos Velhos, Rumos Novos coincide com a eclosão da greve e crise académica de 1969, um prenúncio para o 25 de Abril. Na sequência da recusa do ousado pedido do presidente da AAC, Alberto Martins, ao pretender usar da palavra na presença do então Presidente da República Américo Tomás, durante a cerimónia de inauguração da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, não só Martins como toda a direcção da AAC é expulsa da universidade. Situação que arrasta consigo Rui Pato. Ele, que fora "como o garoto do Charlot atrás dele", atrás de Zeca, faz ainda uma tentativa para embarcar no passo seguinte da discografia do cantor. Mas a PIDE confisca-lhe tanto o passaporte e como a sua parceria com Zeca Afonso. Zeca, já se percebia, não podia parar. Londres esperava-o."
Gonçalo Frota, Fevereiro 2012
Jornalista