Homenagem a Rui Pato

Próximo do final da década de cinquenta do sec. XX, e continuada nas décadas de 60 e 70, a partir da tradição do fado de Coimbra, irrompe uma renovação musical na composição e na voz dos trovadores, que deram forma e conteúdo a um novo sentir musical desta cidade, cada vez mais enraizado na cultura portuguesa, quer através das expressões da música tradicional quer dos textos de grandes poetas da lusofonia.
Neste movimento sobressai desde logo o crescente bem-fazer da guitarra e da viola, contribuindo com a sua mudança de acordes e ornamentações de base para uma transformação na estética musical de Coimbra e a um estatuto mais nobre destes instrumentos, nomeadamente da viola habitualmente confinada ao acompanhamento. Se da guitarra de “fogo e água” saíram composições com novos e incisivos acordes melódicos, gerando uma intimidade entre a poesia e a música, acontece que de uma viola com “sensibilidade e inteligência” potenciando o significado melódico de canções, brotaram sons que alcançaram
traduzir os sinais e as vozes provindos de uma nação à conquista da liberdade. Mas não se julgue que as mãos de um rapaz do bairro, que rendilham sons tangendo as cordas, ficaram amarradas ao tempo. Estas mãos semearam acordes que ainda hoje são palavras sonoras a crescer nas mãos duma liberdade.
Espetáculo inserido na programação do Festival «Correntes de um só rio». Encontro da Canção, do Fado, da Música e das Guitarras de Coimbra, que se realiza de 30 de setembro a 9 de outubro de 2022 em Coimbra.
Bilheteira: 239 857 191, 15h00 às 20h00
bilheteira@coimbraconvento.pt
www.coimbraconvento.pt