Discos lançados pela Orfeu reeditados nos próximos meses
Entre Abril de 2012 e Abril de 2013, a Orfeu, selo recuperado pela Movieplay, vai reeditar 12 álbuns de José Afonso.
Do plano fazem parte os discos Cantares de Andarilho (1968), Contos Velhos Rumos Novos (1968), Traz Outro Amigo Também (1970), Cantigas do Maio (1971), Eu Vou Ser Como a Toupeira (1972), Venham Mais Cinco (1973), Coro dos Tribunais (1974), Com as Minhas Tamanquinhas (1976), Enquanto Há Força (1978), Fura Fura (1979) e Fados de Coimbra e Outras Canções (1981).
Às lojas voltará também De Capa e Batina , conjunto de EPs de fados de Coimbra, já editados em CD.
Na BLITZ de fevereiro, já nas bancas, José Mário Branco, que trabalhou com José Afonso de 1970 em diante, e o jornalista Gonçalo Frota, que está a escrever os textos que acompanharão as reedições, falam da necessidade de recuperar José Afonso, o músico, por vezes ofuscado pelo ícone de resistência política.
“[Chamar-lhe cantor de intervenção] é uma maneira de diminuir o alcance da obra dele, porque a obra do Zeca tem algumas canções políticas, contestatárias, de protesto, de testemunho de lutas concretas. Mas tem muito mais que isso: tem canções de amor, canções poéticas, canções de todo o género”, lembra José Mário Branco.
“A influência do José Afonso hoje entra pelos olhos dentro, do B Fachada à Cristina Branco, aos Deolinda… é muito evidente que a influência que esta obra deixou é absolutamente transversal e esmagadora”, salienta Gonçalo Frota, destacando ainda a influência da música africana na música do autor de Cantigas do Maio .
“Hoje em dia toda a gente anda a ir buscar África. Parece que é o grande maná, para toda a banda pop-rock indie que queira parecer moderna para o mundo. E este homem andava a fazer isto na década de 70!”.
Será que vamos ter reedições com as capas originais (concretamente as dos discos de 68, “Cantares do Andarilho”, e 69, “Contos Velhos, Rumos Novos”)?
Seria a primeira vez e era bom que acontecesse.
🙂
É sempre bom mais uma reedição dos LPs originais. Será melhor se forem as capas originais. Melhor ainda seria haver textos diversos para cada CD. Muito melhor, seria uma caixa com a obra completa, a exemplo do que se faz noutros países (Jacques Brel, Leo Ferré, etc.). Para quando uma reedição definitiva da obra do Zeca?
Apoio as propostas dos comentaristas Rui Mota e Eduardo Ferreira. No entanto, para uma edição definitiva é necessário que os discos há muito até hoje “desaparecidos” mas que figuram entre os “singles editados entre 1958 e 1969” do livro “Textos e canções”. A discografia que o Viritato Teles foi reconstruindo já foi muito longe. Havendo interesse e fontes para recuperar o resto, estarei sempre ao dispor para contribuir nesse sentido!
Estou na maravilhosa cidade de Lisboa que o Zeca tanto amou, com o amor que se dedica ao povo e o carinho que se dedica a humanidade humilde, o povo que luta, trabalha, e se manifesta contra os ricos que comem tudo. Estou na cidade que tanto foi uma surpresa para toda a Europa no 25 de Abril de 1974, e que foi o terror e o espectro do comunismo para todos os governos na altura. Quem pode esquecer-se das palavras de Zeca, O Povo é quem mais ordena, e da sua voz de poeta que nunca abdicou da poesia para compôr propaganda e que nunca abdicou de intervir na sociedade com palavras limpas e verdadeiras ? O Zeca faz parte das vozes que nunca podem esvanecer-se, porque e intimamente ligado ao mais nobre no povo português, a revolta que nunca vai desaparecer enquanto a vida humana continuar. Uma reedição é bemvinda, mas os discos do Zeca no estrangeiro não estão disponivéis…