50 anos de “Os Vampiros” II
50 anos de “Os Vampiros” de José Afonso em concerto
Hoje na Aula Magna, em Lisboa, músicos como Rui Pato, João Afonso, Manuel Freire ou Francisco Fanhais celebram Os Vampiros.
O cinquentenário da primeira edição de Os Vampiros, de José Afonso, é hoje assinalado em Lisboa com um espectáculo na Aula Magna, pelas 21h. Organizado pela Associação José Afonso (AJA) e pela Reitoria da Universidade, com o apoio do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL), o concerto evocativo contará com a participação de músicos e cantores como Rui Pato, João Afonso, Luís Pastor, Manuel Freire, Francisco Fanhais, o Ensemble VOCT, Lourdes Guerra, Pedro Fragoso, Rogério Pires, Sérgio Caldeira, Pedro Syroh e o poeta José Fanha.
José Afonso (1929-1987) gravou Os Vampiros em Coimbra, no Mosteiro de S. Jorge de Milreu, acompanhado à viola por Rui Pato (que participa no concerto de hoje). A canção foi editada em 1963 num EP com etiqueta Discos Rapsódia, juntamente com outras três canções (Menino do bairro negro, Canção vai… e vem e As pombas) sob o título genérico Dr. José Afonso em Baladas de Coimbra.
Quatro anos depois do lançamento do disco, José Afonso escreveu no livro Cantares (ed. Nova Realidade, 1967) estas palavras para justificar a canção Os Vampiros: “Numa viagem que fiz a Coimbra apercebi-me da inutilidade de se cantar o cor-de-rosa e o bonitinho (…). Se lhe déssemos uma certa dignidade e lhe atribuíssemos, pela urgência dos temas tratados, um mínimo de valor educativo, conseguiríamos talvez fabricar um novo tipo de canção cuja actualidade poderia repercutir-se no espírito narcotizado do público, molestando-lhe a consciência adormecida em vez de o distrair. Foi essa a intenção que orientou a génese de Vampiros”.
O que o inspirou? “A fauna hiper-nutrida de alguns parasitas do sangue alheio serviu de bode expiatório. Descarreguei a bílis e fiz uma canção para servir de pasto às aranhas e às moscas. Casualmente acabou-se-me o dinheiro e fiquei em Pombal com um amigo chamado Pité. A noite apanhou-nos desprevenidos e enregelados num pinhal que me lembrou o do rei e outros ambientes brr herdados do Velho Testamento.”