Armando Carvalhêda 1950-2024
Nota de pesar por Armando Carvalheda (1950-2024)
A Associação José Afonso lamenta o falecimento de Armando Carvalheda, associando-se aos seus muitos amigos e conhecidos que sentem profundamente a falta de um divulgador e promotor impar da música portuguesa.
As relações de Armando Carvalheda com José Afonso remontam a um tempo em que aquele lhe fez uma longa entrevista e, em resultado dessa conversa acabou por ter alguns problemas com a PIDE. Armando Carvalheda era um amigo da AJA e tanto ele como a filha Sofia Carvalheda, a quem dirigimos especiais condolências, sempre colaboraram com a Associação José Afonso na promoção da sua imagem, designadamente no apoio aos concertos organizados pela AJA.
Armando Carvalheda tem um longo currículo ligado à rádio e à música portuguesa que ele promoveu, estimulando e apoiando sempre novos interpretes e compositores.
Iniciou o seu percurso radiofónico em 1967, sendo co-fundador da primeira estação pirata em Portugal, em Alcácer do Sal, que foi encerrada na sequência da entrevista realizada a José Afonso, pois incomodou demasiado o poder ditatorial que se vivia em Portugal.
Mais tarde, em 1972, durante o serviço militar na Guiné, inicia definitivamente a sua carreira radiofónica que abraçou com paixão, paixão essa que durou até à morte.
Durante a sua carreira que terminou quando completou 70 anos e os donos da rádio não lhe permitiram continuar, mesmo a título gracioso, como ele propôs, desenvolveu vários projectos, como a rubrica de música tradicional “Cantos da Casa” e o “Viva a Música”, este último o programa da sua vida, que ele considerava quase como uma missão. Era esse o palco da rádio, como ele o designava. Era um programa ao vivo, em directo, onde divulgou, como ninguém a música de expressão portuguesa. O programa “Viva a Música “ foi um dos programas de grande sucesso da Antena 1, sendo também dos mais longos, no tempo.
Esteve também ligado a projectos de solidariedade, criando e lançando o “ Pirilampo Mágico”, que desde 1987 a Antena 1 tem divulgado.
Para além disso, deu voz a várias personagens do programa de marionetas “Contra- Informação”(RT1), que caricaturava figuras públicas da sociedade portuguesa, bem como participou num disco dos Gaiteiros de Lisboa, “Avejão” e fez de outro de música tradicional “Quadrilha”, integrante do álbum “Terreiro das bruxas”, do grupo “Vai de Roda” o indicativo do programa “Cantos da Casa”.
Deixou-nos um amante da música portuguesa, um apoiante incondicional de novos talentos, contribuindo para a nossa cultura musical e formação de públicos de forma única.
À família enlutada enviamos as nossas condolências e um abraço solidário.
A Associação José Afonso