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A casa de “A Morte Saiu à Rua” é um tratado de como ser político sem ser panfletário, num disco que continua fresco, lírico e incontornável. Conta com alguns dos temas mais marcantes da carreira de José Afonso. Acima de todos, aquele que abre o disco, “A Morte Saiu à Rua”. Uma homenagem pouco velada ao pintor e militante anti-fascista Dias Coelho, barbaramente assassinado pela PIDE em 1961. Mas também a delícia melódica de “No Comboio Descendente”, com base num poema de Fernando Pessoa. Ou na faixa-título, em que Zeca se inspira no exemplo da toupeira, que no escuro conspira e esburaca, fora da vista mas sempre a trabalhar. E se aqui há, naturalmente, política, há também o resto do Zeca. O Zeca popular, enamorado com a música tradicional portuguesa e pintalgada com os sons e ritmos africanos de que tanto gostava. Nesse sentido, “Ó Ti Alves” tanto nos leva a uma manhã fria nos Açores como aos cânticos despidos de África.