Joan Baez canta Zeca Afonso
Trinta anos depois daquela que durante muito tempo foi a sua única actuação em Portugal, no desaparecido pavilhão do Dramático de Cascais, a norte-americana Joan Baez brindou ontem Lisboa com um concerto que foi uma lição de História e uma viagem à América profunda numa espécie de recital que encheu o Coliseu dos Recreios com muita gente de cabelo branco. Já na noite de segunda-feira a cantora esgotara a Casa da Música do Porto.
A par das baladas dos anos 60 e 70, Baez aproveitou para mostrar o seu mais recente disco, ‘Day After Tomorrow’, de 2008, em que interpreta composições de Tom Waits e Elvis Costello.
Por vezes a solo, apenas e só com as tonalidades acústicas do seu violão, outras vezes acompanhada por uma banda em que sobressai o seu filho, Gabriel Harris, nas percussões, a cantora de 69 anos, que abriu o concerto com ‘The Lily of the West’, recuperou clássicos de Bob Dylan (‘Farewell Angelina’ e ‘Forever Young’) e de Leonard Cohen (‘Susanne’), que um Coliseu dos Recreios totalmente rendido aplaudiu. “Isto é uma canção que escrevi há 50 anos, numa altura em que se levava muito a sério a pesquisa da folk”, disse ao tocar a balada ‘Silver Digger’”
Já tinha cantado uma canção brasileira, mas mais para o final do concerto a norte-americana repetiu o que já fizera na Casa da Música e cantou ‘a capella’ a ‘Grândola Vila Morena’, numa homenagem ao 25 de Abril. O tema de Zeca Afonso, servido num português bastante aceitável, foi acompanhado por uma multidão entusiasta, sendo o ponto alto da actuação de quase duas horas da ‘primeira-dama’ da folk norte-americana.
Estive lá ontem e comovi-me muitas vezes: quando Baez cantou Joe Hill, Farewell Angelina, Long Black Veil, Don´t think twice e, claro, o Grândola.