«Viva o Poder Popular» foi originalmente editado em disco pela já extinta LUAR. Com letra popular e música de José Afonso, «Viva o Poder Popular» inclui dois temas – o que dá o título ao CD e «Foi na cidade do Sado». Há muito esgotado, a AJA decidiu reeditá-lo em 2013, acrescentando a esta edição um DVD com o documentário «Foi na cidade do Sado», de João Pires.
A canção «Foi na cidade do Sado» refere os acontecimentos ocorridos a 7 de março de 1975 em Setúbal, nessa data qualificada como a “cidade vermelha”. A letra é assumidamente coletiva e foi feita pelo Zeca em conjunto com alguns dos protagonistas dos confrontos. Segundo o historiador Albérico Afonso, traduz-se num documento que guarda não só um testemunho de indignação contra a intervenção desproporcionada da polícia, que matou um jovem e feriu quase duas dezenas de pessoas, constituindo-se, ao mesmo tempo, como um relato histórico e cronológico do ocorrido: a marcação de um comício do PPD para a cidade de Setúbal (…) o pressentimento de um conflito, “havia uma bronca armada com as bestas do capital”; o boicote ao comício, “eram para aí quatrocentos, gritando em plenos pulmões, abaixo o capitalismo, não queremos mais tubarões”; a resposta do PPD “lá dentro sessenta manos do PPD exibiam matracas e armas de fogo”; a intervenção policial que, naquela altura, se dizia ter sido previamente acordada com o PPD “ a um sinal combinado, já quente a polícia vem.
Já a canção «Viva o Poder Popular» é, claramente, um manifesto cantado em defesa de ideais de soberania popular: “Dêem as pipas ao povo só ele as sabe guardar”; de união e de revolução, “Não tenhas medo da morte que daqui ninguém arreda”; e, também, de crítica aos “barões de vida boa”, aos “caciques” e aos “bufos”, à palavra socialismo que “de colarinho à sueca” anda “sempre muito aperaltada”.