O Chalavar em Faro
“Quem visita a cidade de Faro e não experimenta o peixe assado na casa de pasto Chalavar é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa”, diz Victor Lourenço, pescador e proprietário do típico restaurante farense.
O “Chalavar” começou por ser um restaurante de rua, com caixas de fruta de madeira transformadas em mesas e cadeiras, onde se assava num pequeno fogareiro o peixe que sobrava da faina diária dos pescadores.
O peixe fresco da campanha diária começou a ser famoso junto dos comerciantes que vendiam no mercado as hortaliças e frutas e que passavam ali para fazer troca directa de produtos verdes por peixe fresco, recorda o dono do restaurante.
“Foi assim que nasceu a salada montanheira [tomate, pimento, cebola, pepino cortados aos cubos e temperados com azeite, vinagre e óregãos]. Trocávamos peixe por saladas e o restaurante nasceu”, afirma Victor Lourenço, acrescentando que mais tarde, na década de 1970, adquiriu o antigo restaurante da Dona Rita, já frequentado pelos cantores e músicos José Afonso e Janita Salomé.
O restaurante, dividido entre um pátio ao ar livre, a sala Zeca Afonso forrada de imagens do músico e uma sala maior no interior, ganhou um livro de honra em 1988, onde figuras públicas e políticas portuguesas comentam a qualidade do peixe e a hospitalidade no serviço.
“Pelas melhores amêijoas do mundo, pelo salmonete escolhido e sobretudo pela hospitalidade e fraternidade”, foi a frase escrita no livro de honra pelo antigo secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Álvaro Cunhal, em 1992.
Francisco Fanhais, ex-padre e contemporâneo de Zeca Afonso, Pedro Afonso, filho do cantor Zeca Afonso, a pintora algarvia Margarida Tengarrinha, a cantora Lena d´Água (1980), o músico Rodrigo Leão (1990) e o grupo Madredeus ou o capitão de Abril Rosa Coutinho (1991) foram outras personalidades portuguesas a passarem pelo restaurante e a degustarem os sabores do mar no “Chalavar”.
O primeiro reitor da Universidade do Algarve também era um apreciador do peixe assado daquele restaurante familiar, e deu o mote para se transformar na “tasca oficial da semana académica” por onde passaram milhares de alunos e professores daquela academia, recorda Víctor Lourenço.
O segredo do sucesso do Chalavar está no peixe fresco selvagem – “aqui de cultivo só o salmão”, afirma o proprietário, que garante que “isto é para continuar até ao fim da vida”.
Retirado de O Barlavento online