‘Songbook’ de José Afonso à espera de autorização
O livro, da autoria de José Mário Branco, João Loio, Guilhermino Monteiro e Octávio Fonseca, foi recusado por Zélia Afonso, viúva e detentora de 51% dos direitos sobre a obra de José Afonso, em Outubro de 2003, mas permanece nos planos da Campo das Letras, editora livreira associada ao projecto. José Mário Branco revelou ao DN que “o livro, planeado em conjunto com Jorge Araújo, da Campo das Letras, esteve para ser publicado a 25 de Abril de 2004”, edição nunca concretizada depois de Zélia Afonso ter comunicado a sua recusa ao colectivo responsável pela transcrição dos temas e à Sociedade Portuguesa de Autores. Quanto aos motivos para a recusa da publicação, José Mário Branco deixa as explicações para Zélia Afonso, que o DN tentou contactar sem sucesso até ao fecho desta edição.
O songbook de José Afonso é o primeiro de uma iniciativa que procura “recuperar a memória de música popular portuguesa”, diz-nos José Mário Branco. As obras de Adriano Correia de Oliveira, Carlos Paredes, Fausto e Sérgio Godinho fazem parte do mesmo projecto editorial. No entanto, José Mário Branco (que prepara também o seu próprio songbook) adianta que “nenhuma edição faz sentido sem o livro com as canções do Zeca. Ele tem que ser a nossa prioridade. Por isso, a preparação de todos esses títulos está, neste momento, em stand by”.
O músico e co-autor do songbook justifica a publicação do livro com a “necessidade de esclarecer uma nova geração sobre o legado de um nome fundamental”. Ao mesmo tempo, recorda discos de tributo e homenagem que vão surgindo no mercado – nomeadamente os que em 2007 assinalaram os 20 anos da morte de José Afonso – lembrando que são frequentes os erros: “Uma coisa é reinterpretar um tema. Outra é tentar recriá-lo e não o fazer de acordo com o método do seu autor. São falhas que acontecem naturalmente quando não há nenhum meio para que a informação seja transmitida da forma mais correcta.”
José Mário Branco questiona também a actual legislação sobre “o direito de autor póstumo”, recordando “o direito de uma comunidade sobre uma obra essencial ao seu crescimento cultural”