Manifesto da Associação José Afonso

Manifesto da Associação José Afonso
«Na ponta duma espingarda o Povo da Palestina
Mandou a Golda Meir uma mensagem divina»
José Afonso
in “Os fantoches de Kissinger” (LP Com as minhas tamanquinhas, 1976)
A Associação José Afonso manifesta a sua solidariedade para com o povo palestiniano que há mais de 70 anos luta pela sua terra e sobrevivência, perante o descaso da comunidade internacional. Apesar de todas as deliberações da ONU, estas são letra morta pelo facto de haver países com direito de veto e, por conseguinte, não as aceitarem, deixando Israel prosseguir com a sua vocação colonialista, pela invasão de terras, destruição de casas, construção de colonatos, muros e checkpoints, (só na Cisjordânia há mais de 500 checkpoints), avançando impune no corte da água, gás, electricidade, etc, sempre que assim o entendam. Esta dureza desumana de violência de décadas que comporta assim o genocídio iniciado com a imposição pela Grã-Bretanha de um Estado sionista confessional, fomentando a imigração dos judeus da diáspora, colonizando uma terra antes aberta a palestinianos e judeus, que viviam em relativa harmonia, levou à imposição de um regime atroz de apartheid, com diversos momentos de violência brutal e que culmina agora com esta guerra de “solução final”, em que Israel pretende tomar definitivamente conta daquele território, matando o maior número possível de palestinianos e expulsando, os que restarem, para os territórios vizinhos.
O Portugal de Abril que nasceu da luta anticolonial ao som de «Grândola Vila Morena» terá sido capturado por governantes servos da estratégia dos EUA e da Comissão Europeia, pelos cúmplices do Estado de Israel colonialista e genocida, praticante contumaz de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade?
Esta a pergunta que nos assola e perturba, evocando as canções anti-imperialistas e de apoio à luta dos povos que o Zeca nos legou, com manifestações de solidariedade para com o povo mártir palestiniano e outros povos vítimas de colonialismo. Portugal que fez o 25 de Abril e lutou por Timor, não pode ser cúmplice deste genocídio.
A Associação José Afonso proclama assim a sua indignação e revolta e exige um cessar-fogo imediato e reconhecimento efectivo da independência do estado palestiniano, pela libertação dos seus territórios ocupados por Israel, fazendo coro com as muitas canções que Zeca Afonso cantou, em defesa dos Direitos Humanos, completamente esquecidos nesta guerra impiedosa.
A Associação José Afonso