Carlos A. Moniz e Samuel também no Coliseu
Um vasto conjunto de cantores e músicos de excecional qualidade – Amélia Muge, Amílcar Vasques e Luís Cunha, António Victorino d’Almeida e Luiz Avellar, Carlos Alberto Moniz, Couple Coffee, Esther Merino, Filipa Pais, Filipe Raposo, Francisco Fanhais, Janita Salomé, João Afonso, José Fanha, Júlio Pereira, Luísa Amaro e Gonçalo Lopes, Manuel Portugal, Manuel Freire, Rui Pato, Samuel, Sérgio Godinho e Zeca Medeiros – sobe ao palco, dia 28, para evocar o espetáculo de 1974, relembrar o seu significado e homenagear os participantes já falecidos – Adriano Correia de Oliveira, Ary dos Santos, Carlos Paredes e José Afonso.
A noite promete ser de espetáculo vibrante, como foi a de 29 de março de 1974 com o 1.º Encontro da Canção Portuguesa organizado pela Casa da Imprensa para entregar os prémios com que anualmente distinguia personalidades da área cultural. As autoridades tentaram impedir a sua realização e só na própria noite o concerto foi autorizado mas com diversas canções censuradas e proibidas. O espetáculo adquiriu o significado de um ato de resistência à ditadura, com a sala do Coliseu superlotada com cerca de cinco mil pessoas vigiadas por um forte dispositivo policial.
Como relatou o “Diário de Lisboa”: «O Coliseu estava guardado, as ruas próximas invadidas de veículos azuis, e muitas fardas nos corredores, mais os estranhos rostos onde não morava o desejo de assistir ao espetáculo. Havia ainda os bombeiros, porque entre cinco mil pessoas, é extremamente fácil fazer saltar a faísca, e da faísca chegar ao incêndio».
No espetáculo de 1974 atuaram Adriano Correia de Oliveira, Ary dos Santos, Carlos Alberto Moniz e Maria do Amparo, Carlos Paredes e Fernando Alvim, Fernando Tordo, Os Introito (com Nuno Gomes dos Santos), José Afonso, José Barata Moura, José Jorge Letria, Manuel Freire, o grupo espanhol Vino Tinto e também Fausto e Vitorino que participaram como músicos. Nunca, em Portugal, tantos cantores de intervenção tinham estado juntos em palco e por isso «a Casa da Imprensa teve de vencer obstáculos de diversa ordem, como não é difícil calcular», salientou o presidente da associação, Mário Cardoso, na apresentação do espetáculo.
Apesar da intimidação policial, «o ambiente era de euforia, de autêntica festa». O “Diário Popular” acrescentava: «Os mais jovens manifestavam-se exuberantemente, em assobios, palmas e gritos, como se os percorresse certo nervosismo, como se algo importante estivesse para acontecer. Embora não fosse mais do que pressentimento».
O momento culminante do espetáculo, ainda segundo o “Diário Popular”, chegou «com o avanço de José Afonso, em direção ao micro. “Grândola” foi tema mais uma vez repetido: com ele, as vozes dos restantes intérpretes que se encontravam no palco e, ainda, todas as pessoas que enchiam o Coliseu. Emocionante aquele espetáculo: de braços dados e oscilando ao ritmo da nostálgica melodia do folclore alentejano, as cinco mil pessoas cantaram aquele tema simples com uma convicção insuspeitada».
O espetáculo do próximo dia 28, às 21h30, é organizado pela Associação José Afonso com a colaboração da Casa da Imprensa e o apoio de várias entidades, entre as quais a Associação 25 de Abril.
Para mais informações contactar:
Casa da Imprensa | 213 422 336 | 213 420 277
José Luiz Fernandes | 917 839 001
Viva!
Gostaria de saber se poderei seguir o concerto pela Net visto que me encontro no estrangeiro. Obrigada e bem hajam.